quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Acordar

Mais um amanhecer,

mais um acordar,
mais uma noite que passa sem te ter do meu lado.

Mais um dia que se arrasta e
penosa a espera de quem espera.

Final de tarde, momento feliz,
altura em que vislumbro no horizonte
o mais belo rosto a brilhar.

E faz-me acreditar,
que afinal vale a pena acordar,
porque é lindo ver-te a embelezar,
o mais belo pôr-do-sol que jamais se possa imaginar.


Ricardo Pereira, Pombal

Amor Negro

Não se rompe uma noite sem que eu totalmente
Desmotivada morra por entre lágrimas chorando
A distância que friamente insiste em nos separar.

As noites são longas e frias...

Elas ocultam ao longo de suas horas sombrias
Momentos de desequilíbrios constantes que me levam
Há lapsos de memória agonizantes.

Será esse um amor maldito...?
Será esse o sentimento que me mata todos os dias apenas
Trazendo-me de volta para mais uma noite de suplício...?

Estou com frio, as sombras que hoje me sufocam já não são
Mas delírios...


Margarida Salgado, Viana do Castelo

Não precisamos de palavras...

Chega a madrugada
Gemendo baixinho,
Sob o olhar atento da lua
Em comunhão com as estrelas.
Respiramos o silêncio
E ouço apenas
O bater do teu coração,
Mais apressado,
Descompassado,
Em cada nova carícia.
Não precisamos de palavras...
As mãos inquietas,
As bocas ansiosas
Comprimidas num beijo,
Que parece eterno,
Falam por nós.
O olhar cúmplice,
Atento,
Adivinha os desejos de cada um
E cumpre-os,
Na madrugada que geme
Para lá do nosso silêncio.

Luísa Mendes, Valongo

Quisera

Quisera eu ter o dom
De consolar os aflitos
Prevalecendo o perdão
E calar todos os gritos...
De dor, desamor, solidão...

Quisera eu levar paz
Aos corações em conflito
Acabar com a guerra fria
Aquela que trazem consigo
Fazer da mágoa, poesia
E da poesia, canção
Cantada em comunhão de amigos.

Quisera eu ter o dom
De devolver ao ente querido
O filho que não voltou
O pai que se perdeu na partida...
À mãe sofrida, o consolo
Pra sua dor mais condoída.

Quisera eu ter o dom
De invadir o universo
Com poemas, trovas e versos
E dispersar o que é pervers

Maria Conceição, Lisboa

Um Vazio No Peito A Gritar

No vazio do meu interior...
Sentindo a sua ausência...
Gritei seu nome, mas você não ouviu.
E na ânsia de te encontrar novamente,
Perdi-me entre o passado e o presente!

Andei a passos longos sem fim,
No auge da minha imaginação,
Tentando encontrar uma solução,
Que desse fim a minha angústia,
De te querer só para mim.

E nesse vazio em que andava só sem você,
Perdida na solidão do meu corpo,
Entre os sonhos que banhavam num sopro,
De uma eterna vida no amanhecer.

Filipe Silva, Porto

O vazio

Sem corpo,só alma
Só corpo, só calma
Sem alma, sem corpo
Sem nada, só morto.

Sem fogo, sem medo
O fogo no candelabro aceso.

Só vento, sem chuva
Sem sol, sem mar, só nuvens.

Sem coração, só compaixão
Com coração, só ilusão.

Sem tudo, com pouco
Contudo, que pouco.


Carlos Simões, Porto

Madrugada que geme

Chega a madrugada
Gemendo baixinho,
Sob o olhar atento da lua
Em comunhão com as estrelas.
Respiramos o silêncio
E ouço apenas
O bater do teu coração,
Mais apressado,
Descompassado,
Em cada nova carícia.
Não precisamos de palavras...
As mãos inquietas,
As bocas ansiosas
Comprimidas num beijo,
Que parece eterno,
Falam por nós.
O olhar cúmplice,
Atento,
Adivinha os desejos de cada um
E cumpre-os,
Na madrugada que geme
Para lá do nosso silêncio.
Carlos Simões, Porto

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Época Romântica I

A época romântica da literatura portuguesa abrange aproximadamente os últimos três quartos do século XIX, considerando-se como seu marco inicial a publicação do poema «Camões», de Almeida Garrett, em 1825, e como marco final a publicação da revista Os Insubmissos, em 1889, ligada ao movimento simbolista. Dentro da designação genérica de Romantismo cabem vários movimentos e tendências artísticas. Em 1865, deu-se a Questão Coimbrã, que lançou a polémica declarada entre a literatura romântica instituída e o realismo. Em finais do século, tendências de origem europeia, como o decadentismo e o parnasianismo, influíram em graus diferentes na obra de alguns autores portugueses. No entanto, ao longo de todo este período manteve-se, de forma mais ou menos constante, um certo tipo de concepções estéticas e do papel do escritor, nas suas relações com a sociedade, que serão abaladas apenas com o simbolismo.
A designação de Romantismo para o movimento cultural que marcou a Europa no século XIX provém do termo «romântico», que, originalmente, em francês, se referia a certos poemas medievais narrativos. O termo passou a ser utilizado, já em inícios do século XIX, como oposto a clássico, portanto à arte que marcara, nas suas variantes, a Europa desde o Renascimento. O termo Romantismo encontra-se, assim, associado desde logo a uma característica marcante do movimento: a recuperação de tradições e elementos próprios da cultura medieval, que haviam sido postos de lado pela cultura clássica.
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